[Quest Narrada] SAC - Serviço de Atendimento ao Cidadão

A irmã mais velha estava fora. Se havia uma coisa que Andrômeda detestava era quando Nymeria se afastava do trono para resolver problemas. Fossem territoriais, políticos ou, simplesmente, pessoais, as vezes, a princesa governante só precisava de um tempo. E, sempre que isso acontecia, repassava à Martell mais nova a obrigação de mediar, auxiliar e/ou resolver os problemas dos dorneses que, sempre que se viam numa situação complicada, costumavam buscar o conselho e/ou mediação da princesa governantes.

O sol já havia nascido fazia algum tempo e Andrômeda matava algum tempo, lê-se: adiava o máximo possível sua tarefa, à mesa do café da manhã. Diante de si estendia-se uma farta mesa com pães, queijos, ovos, inúmeras frutas bem como leite, mel e, até mesmo, bebidas de teor alcoólico. Após procrastinar para realizar a tarefa que lhe fora designada, Andrômeda se dirigiu à torre do sol, a cúpula de ouro e vitral na qual se encontrava a sala do trono.

À medida que se aproximava do local burburinhos estranhos preenchiam o ar, oriundos de conversas paralelas. Andrômeda franziu o cenho, não se recordava de alguma vez antes ter visto o local tão cheio. "Pelos sete... De onde saiu tanta gente?", ela se questionava. Por dentro estava desesperada enquanto que, por fora, apresentava uma feição serena, digna de uma atriz. Afinal, não podia demonstrar tais sentimentos enquanto estivesse no trono.

À passos largos se dirigiu ao assento cuja principal decoração era o entralhe de um brilhante sol roinar e ali se sentou dirigindo os olhos para a guarda ansiosa que se encontrava à porta barrando os cidadãos impacientes. Andrômeda inspirou fundo antes de sinalizar a Irena para que mandasse o primeiro de muitos problemas que teria que solucionar naquela manhã.

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A primeira dos muitos a quem Andrômeda dirigiria a palavra naquela manhã deu o primeiro passo em salão do trono adentro. Impassível, a Martell ouviu sua história, refletindo sobre cada palavra que saía dos lábios da mulher de baixo nascimento.

A princesa não se posicionou de imediato, ponderava sobre o acontecido, afinal, tinha que decidir sabiamente a ação que tomaria em relação a situação que afligia a pobre mulher. Após alguns segundos em silêncio, finalmente, Andrômeda se pronunciou.

— Mulher, não sei seu nome, poderia se apresentar? — pediu, seu tom de voz delicado vinha acompanhado de um sorriso sereno, de modo que passava tranquilidade para a moça diante de si. Para ela tal informação era de vital importância, pois, criava uma ligação entre a princesa e os súditos. Assim que a mulher respondeu, a Martell deu continuidade a seu pensamento. — Diga-me, tens alguma habilidade? Decerto, com seu marido acamado, a senhora devia conseguir, de algum modo, o seu sustento. Se tiver algum dom, talvez, eu possa vir a ajuda-la a conseguir um trabalho. De modo que não precisará recorrer a prostituição, muito menos ficará fadada a viver na rua. — ofereceu serena.

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Andrômeda inspirou fundo, ponderando sobre cada palavra que saía dos lábios da outra. Ela era uma cuidadora. De fato, isto era muito útil, principalmente se fossem amas de leite. Porém, estava evidente que a mulher diante da princesa não estava a espera de um filho, muito menos tivera algum recentemente. Era uma simples cuidadora.

A princesa inspirou fundo, batucando os dedos contra o braço do trono em que se encontrava sentada. Após alguns segundos, que pareceram minutos, a Martell sinalizou com a mão para a guarda, pedindo-lhe que se aproximasse para pescar alguma informação em segredo, decerto algum nobre deveria precisar de cuidados. Se não para sua cria, talvez, para alguém já de idade.

— Irena, querida, saberia me informar se algum nobre dornês tem algum parente, independentemente de ser uma criança ou apenas alguém já de idade, que necessite de uma cuidadora? — Questionou em segredo, de modo que somente a guarda a ouvisse, não queria dar falsas esperanças a mulher.

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A indiscrição da guarda fora o suficiente para que a mulher implorasse por auxílio. Estando numa situação tão simples que, no entanto, estava demorando para resolver só fazia com que os demais camponeses sentissem-se insatisfeitos. Andrômeda inspirou fundo, tentando manter a compostura firme e séria, para que eles não tentassem algo estúpido enquanto a irmã se encontrava fora.

— Se está disposta a aprender, eu fico feliz em lhe oferecer um lugar em nossas cozinhas como auxiliar. Mas, deves se esforça para acompanhar as demais mulheres, não apreciamos corpo mole, Leyla. — decidiu por fim, dando aquele aviso final para que os demais tivessem ciência que nem tudo vinha com facilidade.

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Assim que a mulher se foi, a princesa inspirou fundo enquanto bebericava um pouco do vinho que se encontrava na mesa ao lado, como se buscasse forças na bebida. No entanto, não exagerava, era apenas para matar a sede que só o vinho sabia saciar. Quando depositou a taça na bandeja, Irena deu prosseguimento àquele infernal processo.

Como se marchasse, um homem adentrou o salão do trono seguido por um guarda que levava um jovem consigo cujas mãos se encontravam atadas uma a outa. O primeiro homem, o mais velho, fez seu relato, parecia-lhe realmente furioso com o suposto acontecido. Enquanto isso, o mais novo mantinha a calma, como se fosse, de fato, inocente. Andrômeda inspirou fundo, voltando sua atenção para o guarda que o transportava.  

— Quando foi atender o pedido de socorro do mercador, o jovem, por acaso, tentou fugir? Diga-me sua opinião sobre esse suposto ladrão, guarda. — questionou, somente a opinião de um terceiro poderia valer naquela complicada situação. Afinal, só quem tem culpa no cartório tentaria, de fato, fugir ou algo semelhante.

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O comerciante devia saber que não era o único aborrecido ali. Andrômeda também se aborrecia, no entanto, mantinha-se impassível, apenas assistia o desenrolar dos acontecimento.

— Isso não é o suficiente. — ela se referia ao comentário do guarda. — Além disso, um aponta para o outro como culpado por algo. E, vejam bem, eu sou princesa, mas, não sou uma deusa. Não estive presente durante o ocorrido, por isto, senhor comerciante, espero que compreenda o motivo das minhas perguntas é para que eu consigo ser o mais justa possível.  — replicou, alfinetando de propósito para que compreendessem o real motivo por trás de suas ações. Andrômeda tentava ser justa, nada mais.

A mulher sinalizou para o guarda que escoltara o jovem.

— Vá chamar seu superior, diga-lhe que é urgente e a princesa o chama ao salão do trono. — ordenou.

— Vocês esperarão pela chegada dele numa sala ao lado, por favor, escolte-os e não deixe que eles venham a se machucar. — pediu ao segundo guarda que ficara. — Vamos dar prosseguimento a isto, Irena, chame o próximo, por favor. — pediu.

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Apesar de contrariados, acataram a decisão. Andrômeda sorriu, satisfeita por ter se imposto e prontamente ter sido acatada. Um sinal claro de respeito, uma linha tênue entre a sensatez e a liberdade. E, claramente, apenas por bom senso, eles a tinham obedecido. No entanto, a medida fora eficaz, pois havia feito o povo ver que a princesa não estava ali para brincadeiras, mas, para prestar a verdadeira justiça para os seus.

Com um movimento suave de sua destra, a Martell sinalizou a guarda que logo deu prosseguimento àquela infindável tarefa trazendo os próximos a serem recebidos para julgamento. Um homem maltrapilho adentrou o salão, acompanhado de um guarda e uma mulher. O acusado olhava fixamente para o chão, claramente, era culpado.

Andrômeda fechou a mão em punho, cravando as unhas na própria pele. Detestava ter que determinar tais punições, era diferente de se machucar em uma batalha. No entanto, não havia escolha. Afinal, para toda ação há uma reação. E, para a infelicidade do homem maltrapilho cuja vida, provavelmente, não lhe dera oportunidades para mudar de situação só restara uma saída.

— Não irei me estender quanto a esse assunto, que a punição lhe seja aplicada, arranquem-lhe uma das mãos para que sirva de exemplo. — decretou sem hesitar. A voz firme, o olhar impassível, as unhas cravadas ainda mais fundo em sua própria mão quase cortando a própria pele.

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O corte fora limpo e rápido, Andrômeda obrigara-se a assistir, afinal, não era diferente de um corte em meio ao calor da batalha. Mal dera tempo para que o cérebro do homem assimilasse. Demorou apenas uma fração de segundos a mais para que seu grito cortasse o salão. E uma questão de segundos para que ele fosse levado, o local fosse "limpo" e tudo parecesse normal, como antes.

No entanto, não poderia ser mais diferente. Aquela decisão fizera a tensão aumentar ainda mais, deixando os possíveis culpados ainda mais temerosos quanto ao próprio destino. "Me pergunto quantas mãos terei que amputar só hoje...", Andrômeda refletiu consigo notando que devia tomar alguma atitude, além das punições, para diminuir a taxa de furtos na cidade, decerto, teria que conversar com a irmã quanto a tomada de alguma contra-medida, era vital dar aos cidadães a sensação de segurança.

O próximo caso a ser resolvido rapidamente se apresentou e, a medida que ouvia o relato do guarda, a sombra de um sorriso se desenhava nos lábios da Martell mais nova. Ah, como Andy amava os rebeldes, sempre tinham alguma novidade para relatar. No entanto, não podia interroga-la diante de tantos olhos e ouvidos. Se o fizesse, rapidamente, boatos se espalhariam por toda a Dorne.

Andrômeda tinha que ser cautelosa.

— A esta reservo um lugar na torre da lança. — A torre da lança era um lugar enorme de quarenta e cinco metros de altura, usualmente reservada para prisioneiros de origem nobre, no entanto, havia, também, algumas celas especiais para casos especiais. A mulher diante de si era um deles, seria levada para, futuramente, ser interrogada.

— Meu povo, — ela se levantou da cadeira — saibam que os boatos por esta mulher proferidos, e por muitos outros, são falsos. A princesa, minha irmã, é verdadeiramente capaz de cuidar do nosso lar. Amamos Dorne e ao nosso povo. E, pela nossa terra e nossos conterrâneos, faremos o nosso melhor. Por isto, eu peço, para que não deem ouvidos ao que as más línguas andam proferindo. Eles querem gerar a discórdia entre nós. E, saibam, que é este triste ato que pode nos levar a derrota. Devemos nos manter unidos, pois é na união que se encontra a nossa força.

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Em segundos a situação saiu de controle, o verdadeiro caos se instaurara no salão real. Entretanto, a princesa não perdera a calma. Seria tolice faze-lo diante daquelas acusações, precisava agir.

— GUARDAS. — exclamou em alto e bom tom, enquanto a estúpida que causara aquele escarcéu era contida pelos guardas. — Levem as crianças, mulheres e inocentes para um local seguro. Isso é de máxima prioridade! Deixem para que os guardas que estão lá fora cuidem dos que estão fugindo.

Voltou-se, então, para a mulher, a qual ainda era contida. Andrômeda se aproximou, a passos largos e rápidos, da mulher. A ira se estampava em sua face quando direcionou a destra em punho contra a boca do estômago da mulher. Base firme, impulso. Colocara força suficiente para que ela perdesse o ar, de modo que estava ajudando os guardas a conte-la.

— Satisfeita, vadia? Se você pensa que tortura é o que lhe aguarda, pense bem. Depois dessa, é bom você cooperar, não serei tão gentil quanto agora. — segredou-lhe, os lábios colados no ouvido dela para que somente a mulher fosse capaz de compreende-la.

— Levem-na daqui. AGORA. — ordenou, enquanto se dirigia para fora, precisava organizar as tropas para que pegassem o máximo possível de fugitivos. A mão já se encontrava próxima a sua cintura onde descansava sua espada. Andrômeda, honestamente, esperava não ter que tomar medidas drásticas. E que seus soldados também tivessem cérebro e não somente músculos.

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